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"Dois anos mais novo que Carlos, Augusto Pereira tem uma paixão desmesurada pelo ciclismo. Conta o seu treinador, Henrique Santos, que dias antes da prova em Colorado, EUA, no Mundial de 1998, Augusto olhou para a maneta da bicicleta e, preocupado, achou que estava torta. Tentou endireitá-la e partiu-a. Foi, pela primeira vez na sua carreira desportiva, vice-campeão. Sofre de paralisia cerebral mas nasceu com vontade de vencer.
Augusto vive em Ílhavo, Aveiro, onde é carpinteiro no Centro de Acção Social. Trabalha todo o dia e ainda arranja forças para 60 a 80 km de pedalada. Quer fazer o mesmo que José Azevedo e Cândido Barbosa. 'Até lhe ofereceram um equipamento completo do Benfica. E ele ficou todo orgulhoso. Vestiu-o logo no dia seguinte' – recorda o treinador que o acompanha há 15 anos.
Sara Duarte também sofre de paralisia cerebral. E, na sua vida, os cavalos surgiram, aos sete anos, como terapia (hipoterapia). Desde menina que se habituou a lutar por melhorar a sua condição física. O que tem conseguido graças também à ajuda da mãe, que é especialista em educação especial. Aos 24 anos, Sara passou para o 3.º ano do curso de Farmácia. 'Tem sobretudo dificuldades nas aulas práticas', explica Maria de Lurdes Cardiga, responsável pela Comunicação do Centro Equestre João Cardiga, onde a atleta treina.
Por duas vezes vencedora da Taça de Portugal de Paradressage (ou equitação adaptada), em 2007 e 2008, Sara esteve 15 dias na localidade alemã de Aachen a treinar, no maior centro hípico do Mundo, para os Paralímpicos.
Todos os nossos atletas são a prova de que com esforço se vence as vicissitudes da vida. Bento Amaral sofreu um acidente quando tudo o resto lhe sorria.
Não praticava surf como os outros: com prancha. 'Apanhava boleia' das ondas da Leça da Palmeira. Num dos saltos bateu com a cabeça no fundo e partiu a quinta vértebra cervical. Tinha 25 anos. Seis meses hospitalizado obrigaram-no a adaptar-se à sua nova condição: estava tetraplégico.
Não praticava surf como os outros: com prancha. 'Apanhava boleia' das ondas da Leça da Palmeira. Num dos saltos bateu com a cabeça no fundo e partiu a quinta vértebra cervical. Tinha 25 anos. Seis meses hospitalizado obrigaram-no a adaptar-se à sua nova condição: estava tetraplégico.
Bento adaptou à cadeira de rodas e voltou a sair à noite com os amigos. Um ano após o acidente, fez a cadeira que lhe faltava para acabar o curso de Engenharia Alimentar. Ia poder realizar o sonho de ser enólogo – tal como é, aos 39 anos, provador de vinhos no Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto.
Parecia condenado a não voltar a fazer vela. O seu desporto de infância. Até que, em 2001, conheceu o australiano fabricante de barcos de vela adaptados a pessoas com deficiência. E começou a treinar no Clube de Vela Atlântico de Leixões, apenas ao fim-de-semana, três a quatro horas. No seu barco, Bento posiciona-se ao centro, preso por um cinto de segurança, e controla-o através de uma alavanca mecânica. Nos Paralímpicos compete em dupla com Luísa Silvano, de 49 anos. Tudo na vida do velejador se adaptou à sua nova condição. A família foi fundamental e hoje conta com o irmão como seu treinador e a mulher como sua companheira. 'Apesar das dificuldades, consigo ser feliz e espero que outras pessoas, em circunstâncias iguais, também possam ser.'
Regressar ao Beijós XXI
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